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Psicologia Sexual Feminina | Soraya Oliveira Psicóloga

Sobre a Psicologia Sexual Feminina (Considerações)

Considerações Sobre a Psicologia Sexual Feminina de Nelson Soucasaux.

Como já observei no meu livro “Novas Perspectivas em Ginecologia”, é sabido que o componente auto-erótico e narcísico da sexualidade feminina é muito acentuado. Em relação a este auto-erotismo feminino, devemos inicialmente salientar a forma e o empenho com que as mulheres mais sensíveis cuidam de seus corpos e procuram se embelezar, em uma intensidade que de muito ultrapassa a natural vaidade ligada ao corpo também encontrada nos homens.

É claro que tal atitude, em parte, visa atrair à estes, uma vez que o desejo sexual masculino é principalmente estimulado pela visão e pela estética do corpo feminino. Porém, aqui o auto-erotismo característico das mulheres também desempenha um papel fundamental, dado o prazer que estas sentem em exibir seus corpos. Freqüentemente, isto até já proporciona um certo grau de satisfação sexual a muitas mulheres. Citando Gikovate: “…a partir da puberdade tal prazer é fortemente reforçado pelo fato de que o corpo feminino se torna desejável para os homens; assim, o prazer em se exibir se mistura com o prazer de se sentir desejada, de forma que este aspecto da sexualidade deve assumir uma importância fundamental” ( Gikovate, F. – “O Instinto Sexual” – MG Editores, São Paulo, Brasil, 1980 ).

Creio que, desta forma, é possível considerarmos as mulheres como sendo, em boa parte, objetos sexuais de si mesmas. Não parece haver uma simetria entre as formas do desejo sexual feminino e o masculino. Nos homens, o sentido que tem primazia em despertar o desejo é a visão, no caso a visão do corpo feminino. Já nas mulheres, a visão parece ter bem menos importância em termos de despertar o impulso sexual, pois há indícios de que elas sejam essencialmente atraídas muito mais pelas características da personalidade do homem do que pelo corpo masculino. Citando novamente Gikovate: “A mulher … não é atraída sexualmente pelo corpo do homem, de modo que o seu encantamento se dá mais pelas características capazes de despertar o sentimento amoroso. Como o amor é sentimento que deriva da admiração, o interesse da mulher pelo homem se dá essencialmente por este possuir propriedades tidas por ela como positivas…”

Quanto aos sentidos físicos capazes de despertarem o impulso sexual, existem indícios de que, na mulher, a estimulação táctil do seu corpo seja de importância bem maior para esta finalidade do que a visão. Aqui devemos também considerar que a quantidade de zonas erógenas existentes no corpo feminino é muito, muito maior do que no masculino. Podemos também dizer que, enquanto os homens desejam diretamente as mulheres, estas, em boa parte, parecem desejar o desejo que os primeiros sentem por elas – se bem que, é claro, isto não seja tudo.

De qualquer forma, este desejo pelas mulheres do desejo que elas despertam nos homens é mais um aspecto notório e evidente da sexualidade feminina. Enquanto a libido sexual masculina dirige-se diretamente à mulher, a libido sexual desta parte dela mesma, envolve e utiliza o homem para, através deste, retornar à própria mulher. Isto seria uma forma de dizermos que, até um certo ponto, através do homem a mulher se admira a si mesma. A seguinte observação de G.A. Martin é bastante sugestiva: “…a mirada é um sustento do narcisismo feminino, donde que a mulher tem de mirar de esguelha, não para mirar ao outro, e sim para observar se é mirada” ( Martin, G.A. – “Moira o la Sexualidad Femenina” – Helguero, Argentina, 1980 ).

Fazendo uma incursão nos aspectos filosóficos, mitológicos e arquetípicos da psicologia sexual, costumo salientar que, sob estes pontos de vista, podemos considerar as mulheres como sendo e possuindo o “corpo erótico” por natureza. Assim, nelas predomina o princípio do Eros; em contraposição, nos homens predomina o Logos. São princípios de natureza diversa e complementares. Evidentemente que nas mulheres também há o Logos, assim como nos homens também há o Eros. As diferenças estão no que predomina, ou seja, no quantitativo, e não no qualitativo em termos absolutos.

Na psicologia feminina há elementos da psicologia masculina, assim como nesta há elementos da primeira. Como o que predomina na natureza da mulher é o Eros, o homem nela busca este princípio. Por outro lado, a mulher busca no homem o Logos, que é o princípio que predomina neste. O Eros, arquetipicamente, está ligado ao elemento psicofísico, ao corpo; o Logos, ao princípio do conhecimento.

Aqui também são muito pertinentes os conceitos de C.G. Jung de Anima e Animus. Segundo Jung, a Anima corresponde às imagens primordiais da mulher existentes na psique masculina, e o Animus às imagens primordiais do homem existentes na psique feminina. Os homens, de acordo com a escola junguiana, projetam nas mulheres a Anima, e estas projetam nos homens o Animus. Dizendo de outra forma, nas mulheres os homens buscam a personificação daAnima, e nos homens as mulheres buscam a personificação do Animus.

Vamos citar Jung, referindo-se à Anima: “Há uma imagem coletiva da mulher no inconsciente do homem, com o auxilio da qual ele pode compreender a natureza da mulher … todo o ser do homem, corporal e espiritualmente, já pressupõe o da mulher. Seu sistema está orientado a priori para ela…” ( Jung, C.G. –“O Eu e o Inconsciente” – Vozes, Petrópolis, 1978 ). A respeito do Animus, Jung observa: “A mulher é compensada por uma natureza masculina, e por isso seu inconsciente tem, por assim dizer, um sinal masculino … designei o fator determinante de projeções presente na mulher com o nome de Animus. Este vocábulo significa razão ou espírito” ( Jung, C.G. – “Aion – Estudos sobre o Simbolismo do Si-Mesmo” – Vozes, Petrópolis, 1982 ).

Juntando todos estes dados, podemos perceber uma relação entre o arquétipo da Anima e o princípio filosófico do Eros, assim como igualmente entre oAnimus e o Logos.

Este assunto é por demais complexo para ser aprofundado aqui, porém espero que a partir destas observações, algo tenha sido acrescentado ao entendimento de alguns aspectos da sexualidade feminina, assim como despertado novas indagações a respeito. Para tal, apesar de o nosso tema ser a mulher, foi necessário, visando uma melhor compreensão de peculiaridades da sua psicologia sexual, uma análise comparativa com alguns aspectos da masculina.

Ver também “A Resposta Sexual Feminina“.

Fonte: Nelson Soucasaux

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